Quem arcará com os custos na reconstrução da Estação Comandante Ferraz?

fonte imagem: Último Segundo - IG
O incêndio que destruiu a Estação Comandante Ferraz durante a madrugada de ontem (25) e causou a morte de dois militares da Marinha teria se iniciado na casa de máquinas, onde possivelmente estaria o gerador movido a etanol que supostamente fornecia energia elétrica para a base brasileira. Este equipamento era novo, pois foi enviado para o local em novembro do ano passado (2011) juntamente com 350 mil litros de etanol e fazia parte de estudos que testariam a utilização desse combustível sob condições climáticas extremas.


Na época, o diretor de etanol da Petrobras Biocombustível, Ricardo Castello Branco, teria dito, em entrevista ao IG, que o objetivo desse estudo seria "desenvolver na geração de energia elétrica limpa o mesmo conhecimento e competência que temos na área de etanol combustível".

Segundo a notícia, quem desenvolveu e produziu o gerador com capacidade para 250 quilowatts foi  a Vale Soluções em Energia (VSE) e que o presidente desta, James Pessoa, explicou que "o gerador da Antártica não precisa de um aditivo extra e funciona apenas com o etanol hidratado puro". Será que precisamos falar que o etanol hidratado puro é mais inflamável e volátil que o diesel?

Outro artigo comprova que o etanol chegou na Antártida no dia 4 de novembro. A informação que não temos é se o gerador já estava em pleno funcionamento quando ocorreu o incêndio ou se ainda estava em processo de instalação, porém a lógica nos diz que 4 meses é tempo mais que suficiente para ele já estar operando, o que é muito provável.

Nos 28 anos de existência da base científica, jamais aconteceu um incidente com essas proporções, muito menos um incêndio.

Surgem então perguntas que não querem calar: seria mera coincidência o fato do incêndio ocorrer no intervalo dos 4 meses após o novo equipamento chegar à base para testar o etanol? Ele foi consequência de falha humana ou foi fruto de falha elétrica, mecânica, eletromecânica, acúmulo de gases inflamáveis na casa de máquinas ou todas as últimas alternativas juntas? Se as últimas, qual equipamento teria entrado em combustão e gerado o efeito "dominó"? Caso foi o gerador em teste, a causa seria pelo uso de etanol hidratado puro? Como o gerador foi projetado para operar sob frios extremos, o fato de ser verão no hemisfério sul poderia ocasionar um superaquecimento neste equipamento a ponto de causar um incêndio? Enfim, foi uma fatalidade ou existem responsabilidades técnicas a serem avaliadas?

Se (e somente se) o rescaldo da base destruída confirmar que o equipamento em teste foi o causador do incêndio da nossa base científica e da consequente queima de "N" importantes arquivos de pesquisas além - e principalmente - da morte dos dois militares da Marinha, quem arcará com as responsabilidades? Quem vai bancar a reestruturação da estação? Quem vai indenizar as famílias dos militares que morreram heroicamente tentando apagar o incêndio?

Li em algumas notícías que a presidente Dilma teria afirmado que vai reconstruir a base. Sim,o mínimo que se deve fazer é reconstruir e que, diga-se de passagem, fique muito melhor do que antes, entretanto isso é uma obrigação e não um favor*! Porém, voltamos a perguntar:

 - Caso o incêndio tenha ocorrido por alguma falha no gerador ou por um superaquecimento deste devido o tipo de combustível utilizado, quem vai pagar a conta? Nós ou as empresas público-privadas?



 * (Eis uma coisa que todos devemos aprender: nenhum político é herói e muito menos é pago para fazer favores, mas sim para trabalhar em prol da sociedade. Qualquer benefício que ele se empenhe em colocar em prática não é mais do que mera obrigação.)

8 comentários:

  1. Bernadetelopesoliveira Oliveir26 de fevereiro de 2012 às 16:51

    Olá boa noite querido amigo.já sabe quem vai pagar né nós somos sempre os perdedores.eles sempre dão um jeitinho.e o dinheiro aparece.

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  2. Boa noite, Bernadete! Pois é, amiga linda. Em muitos casos existem interesses em mascarar as responsabilidades para não desgastar a imagem ou causar "prejuízo" a esta ou aquela empresa quando consideradas como de suma importância para estratégias de marketing político.

    Esperamos que isso não ocorra com o nosso mais importante centro de pesquisas fora do país, principalmente por aqueles que lá estavam instalados, cujos níveis de informação e inteligência são muito acima da média nacional e que, por isso, possivelmente tenham idéia formada sobre o que tenha causado o incêndio.

    Há pouco, no Fantástico, apressaram em informar que o gerador movido a etanol em questão não estava em funcionamento, somente os três a diesel que também eram novos, com apenas dois anos de uso. Caso a informação seja verdadeira, ainda restam algumas dúvidas, isso relacionado ao andamento da sua instalação, como, por exemplo, se os dutos de etanol já estavam instalados interligando os reservatórios à casa de máquinas e se não havia qualquer tipo de vazamento.

    Estavam ocultando o naufrágio de uma barcaça cheia de combustível nas proximidades da Estação, o que pode causar sérios problemas ecológicos se o combustível vazar. Será que também nos ocultariam as causas do incêndio?

    Esperamos que não. Afinal, o que o Brasil necessita para realmente ganhar credibilidade interna e internacional é de TOTAL TRANSPARÊNCIA, doa a quem doer!

    Obrigado pela participação, amiga linda! Beijos no coração...

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  3. Isso remete a uma outra tragédia: a do afundamento da plataforma P36, em 2.001.
    Podemos nos lembrar também da explosão do foguete espacial americano, que matou sete astronautas cientistas. Parece que no momento em que se tem como certo o domiinio de tecnologias, esse excesso de segurança faz ocorerem tragédias assim. Aliás, isso explica talvez porque a maioria dos acidentes de estrada aconteçam com motoristas mais experientes, que, ao contrário dos menos seguros, ficam focados em cada detalhe, o mínimo que seja. Não se arriscam tentando o que ainda não dominam completamente.
    A própria Nasa só foi ter acidentes graves não no início de vôos espaciais, mas quando já dominava a tecnologia há um bom tempo.. Sempre há algo novo que pode não dar certo

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  4. A presidente Dilma se referiu como favor a reconstrução do que foi destruido?

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  5. Oi, Mayda! É sempre um prazer e uma honra ter a sua participação aqui, amiga querida!

    Respondendo a sua pergunta, realmente ninguém falou em favores, porém sempre que um político (não me referindo apenas à presidente Dilma) fala em momento oportuno o óbvio de alguma ação importante que OBRIGATORIAMENTE deverá ser efetuada (no caso, a reconstrução da base), fica a impressão de que tal ação é merecedora de admiração e aplausos.

    Como estamos num ano eleitoral, aproveitei o "gancho" para chamar a atenção para essa mania que nós temos de balbuciar um "ooohhh, que maravilha!" ao final dessas falas. No caso, a crítica não é para a figura do político, pois falas como essas surgem naturalmente dependendo da ocasião (a não ser quando o discurso é demagógico), mas sim para nós mesmos, por supervalorizarmos ações que, como eu disse, não são mais que obrigações.

    Esse tipo de coisa pode gerar uma certa idolatria e, como sabemos, toda e qualquer idolatria é mais prejudicial do que benéfica, principalmente quando o é por figuras humanas, isso porque costuma obscurecer o nosso lado racional em favor do emocional. Passamos, inclusive, a arrumar desculpas das mais esfarrapadas para suas falhas mais inaceitáveis (lembra do "rouba, mas faz"?). Esse é um dos principais motivos, amiga linda, que fazem com que as mazelas se perpetuem nas várias esferas políticas, daí eu ter aproveitado o "gancho".

    Foi ótima a sua pergunta. Realmente a minha colocação foi infeliz pois dá margem para interpretações equivocadas. Espero ter esclarecido.

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  6. Amiga querida, admiro as suas colocações que, como sempre, nos levam a reflexões mais profundas. As tuas palavras me fizeram relembrar outros episódios do gênero, assim como a explosão do Veículo Lançador de Satélites (VLS) na base de Alcântara, em 2003, que causou a morte de 21 técnicos e da explosão da plataforma de petróleo no Golfo do México que, além da morte de vários técnicos, também causou enorme prejuízo ambiental.

    Concordo contigo que quando se trata de inovações, algo pode dar errado. Porém, há de convir comigo que as tragédias do passado devem sempre servir de lições para que outras não venham a ocorrer, afinal, muito além dos benefícios que uma nova tecnologia possa trazer (ou não) à humanidade, durante seus estudos e testes existem vidas envolvidas e, por trás dessas vidas, além delas próprias, há outras que dependem que suas integridades físicas sejam mantidas para o bem-estar geral. Isso quer dizer que, principalmente nestes casos, o quesito "segurança" deve ser aplicado ao máximo e sem qualquer economia para que, caso algum acidente ocorra, nenhuma dessas vidas seja perdida.

    Basta ler as notícias para entender que tal quesito foi negligenciado na base Comandante Ferraz. A casa das máquinas, por exemplo, deveria estar afastada das demais dependências.

    O meu questionamento nem foi em relação a isso e sim sobre qual seria a causa do incêndio e se há alguma responsabilidade de empresas público-privadas e se, caso tiverem, se não seriam elas que deveriam arcar com os custos da reestruturação, porém as suas observações vieram a calhar.

    Obrigado pela sua participação, amiga linda!

    Beijos no seu lindo coração...

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  7. Sempre tenhop um pé atrás com teorias conspiratórias, mas dizem " as más línguas" que o acidente em Alcãntara que atrasou em dez anos o programa espacial brasileiro ocorreu num momento em que o Brasil já estaria dominando tecnologia para lançamento de satélites. Hipótese totalmente fora de cogitação, não fosse este mundo que, de inocente, não tem nada.... Se um dia conseguir o filme Estação Polar Zebra, também sobre explosão em base no Pólo Norte verá que notícia veiculadas pela TV e jornais podem ser em muitos casos a mais deslavada forma de mentir ao público.

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  8. Na época, li sobre essa idéia de que poderia ter sido uma sabotagem por parte dos norte-americanos, mas não creio nisso. Isso só aconteceria se um dos nossos aceitasse uma “mala preta” para fazer o “serviço” e se isso aconteceu, foi um dos nossos, não deles. É mais ou menos como querer transferir a responsabilidade dos nossos erros colocando a culpa no diabo. "A culpa não é minha. Fiz porque estava possuído pelo capeta".

    O problema é que no Brasil existe a famosa cultura do "jeitinho". "É seguro!", disse o funcionário do Hopi Hari para a mãe da garota que foi vitimada por toda essa "segurança" anunciada. É assim que funcionam as coisas por aqui. Depois que acontece o pior, é muito mais fácil jogar a culpa nos outros. Os funcionários, o “lado fraco da corda” no caso do Hopi Hari, que o digam.

    Na base da Antártica, os extintores estavam com defeito e não tinham mangueiras contra incêndio (as que usaram na tentativa de combater as chamas foram emprestadas). Ainda assim, apesar de falhas tão graves no quesito segurança, resolveram testar naquele local um combustível mais inflamável que o diesel.

    Se até para um posto de combustível as normas de segurança são rígidas ao extremo, imagina como deveria ser para um lugar de difícil acesso como aquele. Nesse contexto, digo que os nossos cientistas tiveram muita sorte do incêndio ocorrer durante o verão, porque se fosse durante o rigoroso inverno antártico, nem quero imaginar quais seriam as conseqüências.

    E os militares morreram tentando fechar as válvulas de qual combustível mesmo? Eis aí o "x" da questão. Segundo o relato de uma pessoa que lá estava (se não me engano, também militar), a válvula que eles correram pra tentar fechar foi a do etanol, o que prova que ela já estaria ativa. E por que fechar esta e não as outras? Foi para evitar um desastre maior ou para interromper algum vazamento? O fechamento desta válvula ajudaria a apagar o incêndio? Mistério...

    Quanto às teorias conspiratórias, tenho uma relacionada ao terremoto de 2008, cujo epicentro foi muito próximo de onde atualmente estão perfurando os poços do pré-sal. Mas não ouso falar sobre isso porque muita gente "boa", juntamente com os norte-americanos, pode não gostar nem um pouco...

    Beijos, amiga querida...

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