fonte imagem: A Tribuna |
O ainda recente acidente com jet ski que resultou na morte de uma criança na praia de Guaratuba em Bertioga, litoral de São Paulo, foi, por assim dizer, uma tragédia anunciada. Isso porque cidadãos desta e de outras cidades têm alertado nas redes sociais sobre o crescente problema dos abusos com estas máquinas nas praias brasileiras, principalmente em pontos próximos a condomínios de luxo.
Por outro lado, os noticiários também têm em seus arquivos vários casos de acidentes e abusos - nessa ordem - envolvendo tais veículos, alguns até bem recentes. O "nessa ordem" é porque as empresas de jornalismo parecem só se interessar pelo assunto depois que as tragédias ocorrem. O vídeo abaixo mostra notícia de tragédia em 2010, comprovando que dois anos depois nada mudou:
Vídeo postado no youtube em 2010, cujo título do post,
"tragédia anunciada pelos inconfidentes", demostra que
as reclamações e alertas por parte de cidadãos
acontecem há muito tempo.
As reclamações mais comuns dos cidadãos preocupados com o bem-estar da sociedade são por estes veículos serem pilotados por pessoas sem habilitação (é obrigatória a carta de arrais amador expedida pela Capitania dos Portos) e, muitas vezes, por menores de idade, além de pilotagens arriscadas próximas aos banhistas (a lei determina distância mínima de 200 metros). A falta de fiscalização rigorosa e o sentimento de impunidade - mal este que acomete uma boa parcela dos membros das classes mais abastadas da sociedade - são os fatores primordiais por tais abusos.
O maior receio sempre foi o de ocorrências de acidentes fatais, tais como o que infelizmente vitimou a menina Grazielly em Bertioga.
Um exemplo de alerta feita pelos cidadãos é o tópico "JET SKI" postado na comunidade "Boca no Trambone Bertioga" em janeiro de 2011, na rede social do orkut. Ele traduz parte do que acontece não somente em Bertioga, mas em boa parte das praias do litoral brasileiro.
Fora isso, há ainda aqueles que trafegam com jet skis e outras embarcações em alta velocidade em rios margeados por manguezais, gerando marolas que acarretam erosões nestes importantíssimos ecossistemas "protegidos" por lei federal, o que poderia ser caracterizado como crime ambiental caso houvesse maior esforço daqueles que são pagos para fiscalizar abusos dessa natureza (o duplo sentido da frase vem a calhar) e não apenas baseados nas normas de velocidade imposto pela Capitania dos Portos para este ou aquele rio.
Jet ski entre banhistas em rio de Manaus fonte: acrítica |
Menor teria dirigido quadriciclo antes do acidente com jet ski
Segundo matéria do jornal A Tribuna de Santos, o garoto apontado como
causador do acidente em Bertioga teria cometido outra infração que possivelmente pode comprometer ainda mais a responsabilidade dos seus pais no caso da morte da garotinha:
testemunhas informaram que o menor teria levado o jet ski até a faixa da
areia pilotando um quadriciclo, veículo que, até onde é sabido, é
proibido trafegar em vias públicas, inclusive em condomínios e praias, e
que, quando permitidos, devem estar devidamente equipados, além do que o
condutor precisa de habilitação apropriada para pilotá-los e portando
equipamento de segurança, documento que com certeza o adolescente não tem.
Caso tais informações sejam comprovadas, serão
mais uma prova de que os abusos cometidos não se circunscrevem aos meios
aquáticos. Aliás, menores dirigindo quadriciclos em condomínios de luxo é mais
comum do que se imagina. Qualquer repórter com uma câmera na mão, em finais de semana e feriados prolongados, pode obter flagras impressionantes em poucas horas de observação.
Enfim, há quem se ache "dono do mundo" e com o direito de fazer tudo o que lhe der na telha, inclusive entregar nas mãos de crianças e adolescentes (portanto, "irresponsáveis") carros, motos, quadriciclos e jet skis, ou seja, verdadeiras máquinas de matar. Depois que acontecem as tragédias, basta contratar "bons" advogados para ajudar a distorcer os fatos e assim saírem impunes e sorridentes.
A coisa só toma outro rumo quando a tragédia se abate sobre seus próprios filhos. Ainda assim, tentam subtrair das suas consciências qualquer culpabilidade, passando a responsabilidade para objetos, pessoas, governo...
Será que devem ocorrer muitas outras tragédias para que comecem a tomar atitudes mais enérgicas? A Capitania dos Portos não poderia outorgar o poder de fiscalizar às prefeituras ou à Polícia Militar, neste caso por meio dos guarda-vidas? As prefeituras não podem fiscalizar mais ativamente empresas que alugam jet skis? E os quadriciclos, a quem compete fiscalizar? Alterar a atual legislação para que se apliquem penalidades mais duras não seria uma boa alternativa para coibir os abusos?
Uma coisa é certa: solução há de ter o mais breve possível para que nunca mais alguém tenha que chorar pelos dolorosos traumas ou mortes de inocentes - e até mesmo dos inconsequentes - causados por estes "brinquedos" que são verdadeiras armas quando nas mãos de pessoas irresponsáveis, sejam elas menores ou maiores de idade.
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