Dengue: pesquisa da USP usa radiação para tornar mosquito estéril

Aedes aegypti
imagem: UFMG
Uma nova notícia sobre estudos com o Aedes aegypti vai de encontro ao questionamento que postamos no PhontLife meses atrás sobre a possibilidade de se utilizar mosquitos híbridos ou estéreis por radiação para diminuir ou até mesmo eliminar as infestações.

Posteriormente, consultamos a bióloga Sirlei Antunes Morais, especialista em mosquitos Culex quinquefasciatus, se seria possível obter resultados satisfatórios com estes processos.

Ela nos respondeu que não dariam certo porque estudos anteriores demonstraram que "ironicamente, a hibridação no caso do Culex contribuiu para aumentar a capacidade de adaptação e a transmissão de agentes virais deste vetor" e que, nos dois processos, "os mosquitos ficaram igualmente em desvantagem adaptativa no quesito acasalamento".

Um dos fatores negativos no caso do uso de radiação, segundo Sirlei, seria porque "a liberação de partículas radioativas no ambiente não é nada ecológico nem natural."

Parece que outros pesquisadores não pensam assim, já que a nova notícia diz que um grupo de cientistas do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba, está desenvolvendo uma técnica que usa a radiação para tornar "o mosquito transmissor do vírus da doença, o Aedes aegypti, estéril."

O  coordenador da pesquisa, professor Valter Arthur, afirmou à Agência Brasil que "a radiação no Aedes aegypti ainda tem a vantagem de se tratar de um método limpo*, ao contrário de técnicas nocivas ao meio ambiente, como o uso indiscriminado de inseticidas", o que contradiz a bióloga Sirlei Antunes. *(grifo nosso)

Segundo o artigo, a primeira fase do estudo foi concluída em três meses. Nesta, eles "conseguiram determinar o nível de radiação para impedir a proliferação do mosquito" e que a próxima fase será o 'teste de compatibilidade', no qual vão avaliar a capacidade de acasalamento dos mosquitos estéreis. "Não adianta você liberar o inseto estéril e ele não procurar a fêmea ou a fêmea não aceitar o inseto estéril”, disse Valter à Agência Brasil.

"A expectativa de Valter é que toda a pesquisa seja concluída em aproximadamente dois anos", diz o artigo.

Esperamos que os resultados desse estudo com o Aedes aegypti sejam bem diferentes das tentativas anteriores com o Culex mencionadas pela pesquisadora Sirlei. Afinal, de acordo com a Agência Brasil, "levantamento mais recente do Ministério da Saúde aponta 472.973 casos confirmados da doença [dengue] de janeiro ao dia 4 de julho no país. No período, foram registradas 154 mortes."

Então, devemos sim torcer para que os resultados sejam mais que satisfatórios.

Leia artigo na íntegra na [Agência Brasil]


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