Calendário Maia: 2012 ou 1752? Curiosidades e controvérsias.

Atualizado em 8/2/2012
mayan calendar
Pedra do Sol, exposto no Museu Nacional de Antropologia (México), representante dos
calendários astecas Tonalpohualli de 260 dias (sagrado) e Xiuhpohualli de 365dias
(agrícola) - similares aos calendários maias tzolk'in e Haab' respectivamente - e
muitas vezes mostrado erroneamente como representação destes dois últimos.
fonte imagem: Wikipedia


Artigo relacionado: 

2012: Tudo o que você precisa saber sobre o fim do mundo


Diferente do que muitos imaginam, o calendário "maia" não é somente um objeto de pedra em cujas inscrições se poderia fazer leituras de curtos e longos intervalos de tempo, mas sim todo um sistema de calendários e almanaques  distintos que eram usados pelos povos da Mesoamérica pré-colombiana, inclusive os maias, alguns deles ainda utilizados em comunidades maias do planalto da Guatemala. Seus fundamentos são baseados em um sistema de uso comum na região, cuja datação indica pelo menos o século VI a.C.


Reconstituição do calendário asteca
com suas possíveis cores originais
fonte: Wikipedia
A origem do calendário mesoamericano não é conhecido, porém os estudiosos acreditam que seja bem anterior aos maias. Segundo artigo no Wikipedia, embasado em fontes confiáveis, o calendário "provavelmente se originou com os olmecas, em um assentamento que existia em Izapa, no sudeste de Chiapas, México, antes de 1 200 a.C." Isso quer dizer que, ainda que os maias tenham aprimorado o seu uso, é um erro chamá-lo de calendário "maia". O termo correto é calendário mesoamericano, mesmo porque outras culturas também o utilizavam, inclusive os astecas, cada qual com suas diferenças culturais características. Isso por si só faz cair por terra as "profecias" de ocultistas que se baseiam na cultura maia para alardear um suposto "fim de mundo".


Calendário maia tzolk'in
fonte: Casa Semilla
Calendário maia tzolk'in
fonte: Los Mayas















Calendário maia Haab'
fonte: Maya Calendar
Estes calendários, quando interligados ou sincronizados, formavam combinações que apontavam ciclos de tempo mais extensos. Combinados com um sistema vigesimal de contagem de tempo linear, foram capazes de calcular medidas de tempo de modo compatível aos executados por meio de cálculos astronômicos. Este conjunto/sistema é chamado de calendário de contagem longa*.

*Apesar das muitas informações necessárias para uma compreensão mais profunda de tal sistema, vamos nos ater aos calendários principais de forma bem simplificada, mesmo porque, leigo que sou, não conseguiria ir muito além disso (eheheheh). As informações e imagens aqui contidas foram "garimpadas" neste imenso "mundo globalizado" chamado internet. Vamos a eles?


CALENDÁRIO TZOLK'IN

O Calendário Sagrado maia tzolk'in, com período de 260 dias, é possivelmente o mais antigo e é o de maior importância e o mais utilizado desses calendários. Ainda está em uso em algumas regiões de Oaxaca e pelas comunidades maias dos planaltos da Guatemala. É usado para determinar o momento de eventos religiosos, cerimoniais e para divinação.

A palavra "tzolk'in" é um neologismo originado da língua maia yukateca para significar "contagem de dias". A palavra "k'in" quer dizer "sol" que também podemos entender como "dia". O tzolk'in é composto por dois calendários, ou ciclos diferentes, um de 13 k'ins (dias) chamado de trezena e outro maior de 20 dias (1) que correm lado a lado e se complementam. Estão representados na figura abaixo:
Calendário maia tzolk'in
fonte: mayacreations

(1) Curiosidade: o objetivo original de tal calendário sem nenhuma relação óbvia com qualquer ciclo astronômico ou geofísico não é bem conhecido, mas existem várias teorias. Uma delas diz que teria surgido de operações matemáticas com base no número 13 e 20, que eram importantes para o povo Maia (Thompson 1950: Uma introdução à escrita hieroglífica Maia). O número 20 foi a base do sistema de contagem maia, tomado a partir do número total de dedos do ser humano. Já o 13 simbolizava o número de níveis no Mundo Superior onde os deuses viviam, e também é citado por daykeepers modernos como o número de "juntas" no corpo humano (tornozelos, joelhos, quadris, ombros, cotovelos, pulsos e pescoço'). Multiplicando-se 20 por 13 resulta no número 260. Uma outra teoria diz que 260 estaria ligado ao período de gestação humana, isto é, próximo da média de dias entre o primeiro período menstrual e o nascimento. (fonte: 2012survivalaid).


260 também corresponderia ao intervalo entre o surgimento de Vênus como estrela vespertina e quando aparece como estrela matutina (cerca de 258 dias), ao intervalo entre o plantio e a colheita de certos tipos de milho e está relacionada a ciclos planetários. Aqui vemos referências biológicas, agrícolas e astronômicas. (fonte: edj.net)


TREZENA

É o ciclo menor e  representa os dias de 1 a 13. Na representação maia para os numerais, cada ponto representa "1" e cada barra "5", tal como mostra a figura:

(imagem editada. fonte da original: mayacreations)

Nomes dos números de 1 a 13, segundo as comunidades:

Maia Yukateko (técnico):
1 = June; 2 = Ka; 3 = Ox; 4 = Kan; 5 = Jo6 = Wak7 = Wuc8 = Waxak9 = B'olon10 = Lajun; 11 = B'uluk12 = Kalajun; 13 = Oxlajun

Maia Yukateko (popular):
1 = Hun; 2 = Ka; 3 = Ox; 4 = Kan; 5 = Ho6 = Uac7 = Uuc8 = Uaxak9 = Bolon9 = Ox10 = Lahun11 = Buluc12 = Lahac; 13 = Oxlahun

Maia Quiché:
1 = Jun; 2 = Keb'; 3 = Oxib';4 = Kajib'; 5 = Job'6 = Wakib'7 = Uuqub'8 = Wajxakib'9 = B'elejeb10 = Lajuj11 = Ju'lajuj12 = Kab'lajuj; 13 = Oxlajuj

Asteca:
1 = Ce/Se; 2 = Ome; 3 = Ey; 4 = Nawi/Nahui; 5 = Makuilli/Macuil; 6 = Chikuace/Chikuase7 = Chicomme8 = Chikuey9 = Chiknawi10 = Matlaktli11 = Matlaktlionce; 3 = Matlaktliommome; 13 = Matlaktliommey

CICLO MAIOR


O ciclo maior tem 20 dias, cada um com nome próprio. Ao combinar o tzolk'in com outro calendário - o haab' -, os glifos deste ciclo se assemelham um pouco com os dias da semana do calendário gregoriano (segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, etc.). Cada dia deste ciclo tem seu próprio glifo/signo:

fonte: themayanist
Significado(s) de cada glifo:

1 - Imix - crocodilo/nenúfar (planta aquática)
2 - Ik' (Ik) - vento
3 - Ak'bal (Akbal) - noite/casa
4 - K'an (Kan) - milho/lagartixa
5 - Chikchan (Chicchan) - serpente
6 - Kimi (Cimi) - morte/transformação
7 - Manik' (Manik) - mão/veado
8 - Lamat - estrela/Vênus/coelho
9 - Muluk (Muluc) - água/chuva/oferenda
10 - Ok (Oc) - cachorro
11 - Chuwen (Chuen) - macaco
12 - Eb' (Eb) - caminho/caveira/erva
13 - B'en (Ben) - junco/leitura
14 - Ix - jaguar
15 - Men - águia
16 - Kib' (Cib) - coruja/abutre/sabedoria
17 - Kab'an (Caban) - terra/movimento
18 - Etz'nab' (Etz'nab) - faca
19 - Kawak (Cauac) - tempestade
20 ou 0 (zero)* - Ajaw (Ahau) - senhor/flor/dom
*(O último glifo (Ajaw/Ahau) pode ser considerado tanto como número 20 quanto como 0)

COMO O TZOLK'IN FUNCIONA

Tal como já dissemos, os dois ciclos correm em conjunto assim como uma engrenagem, cujo ciclo de 13 k'ins avança sobre o de 20.

Utilizando-nos da linguagem técnica dos maias Yukateko, june (1 da trezena) em Imix (1/20) seria o início dos ciclos (Fig. 1). O ciclo dos 13 termina quando oxlajun (13/13) alcança B'en (13/20) (Fig.2) e june (1/13), no próximo dia, reinicia o ciclo dos 13 k'ins agora em Ix (14/20) (Fig. 3). O ciclo maior termina quando wuk (7/13) chegar em Ajaw (20/20) (Fig. 4). Reinicia o ciclo de 20 dias com waxak (8/13) em Imix (1/20) e assim consecutivamente até que oxlajun (13/13) chegue em Ajaw (20/20), fechando o ciclo de 260 dias e, no dia seguinte, inicia novamente com june em Imix (Fig. 1).

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 (imagem editada. fonte da original: mayacreations)
Para melhor compreensão, podemos resumir a sequência dos dias no "movimento cíclico", com os números e glifos iniciais e finais em negrito, assim:

1 Imix, 2 Ik', 3 Ak'bal, (...), 13 B'en, 1 Ix, 2 Men, 3 Kib', (...), 7 Ajaw, 8 Imix, 9 Ik', (...). Termina com 13 Ajaw e reinicia em 1 Imix.

Para visualizar uma simulação animada do tzolk'in, clique aqui. (coloque a seta do cursor em cima da imagem para parar o movimento e retire para continuar)

CALENDÁRIO HAAB'

Outro calendário importante é o Haab' (ciclo de chuvas). Assim como o nosso calendário gregoriano, ele se baseava no ciclo de movimento do nosso planeta ao redor do sol e dividia o período de um ano solar em 365 dias. Ele era composto de 18 "meses" com 20 dias cada e um com 5 dias "sem nome" conhecido como Wayeb'. Segundo Bricker (1982), ele teria sido usado pela primeira vez cerca de 550 a.C com o ponto de início no solstício de inverno. (2)


Calendário maia Haab'
fonte: globalsherpa

(2) Curiosidade: o solstício de inverno é um fenômeno astronômico usado para marcar o início do inverno. No hemisfério sul normalmente ocorre por volta de 21 de junho e no hemisfério norte, por volta de 22 de dezembro.

- Ora, se a Mesoamérica pré-colombiana fica no hemisfério norte, o Haab' foi iniciado no solstício de inverno e tem 365 dias, poderíamos dizer que todos os seus finais de ciclo seriam em 21 de dezembro, data essa que "coincidiria" com as teorias de alguns arqueólogos de que o 13º ciclo B'ak'tun do Calendário de Contagem Longa terminaria no dia 21 de dezembro - no caso, em 2012 - e nas quais os "profetas do fim do mundo" se embasam para afirmar que neste dia ocorrerá um enorme cataclismo. Porém, o Haab' é apenas uma das peças desse enorme quebra-cabeças e, além do mais, não é tão preciso quanto parece: tem um pequeno detalhe que impede que essa data seja uma constante, o qual poderá ser observado algumas linhas mais abaixo.

 HAAB' X TZOLK'IN

Diferente do tzolk'in que é considerado um calendário sagrado, isto é, ligado a eventos espirituais, o Haab' é direcionado aos eventos civis, ou materiais. Por se tratar de medição física, ou seja, da massa do planeta se movendo em torno da massa solar, era usado do mesmo modo que usamos o calendário gregoriano no dia-a-dia: coleta de impostos, datas de colheitas entre outras coisas corriqueiras, mas principalmente para medir as estações, o que no caso era um tanto impreciso por ter exatamente 365 dias e não considerar o um quarto de dia excedente no ano tropical real (para resolver este problema, o Gregoriano tem o chamado ano bissexto, com 366 dias) (2-1).

(2-1) Curiosidade - eis o motivo do porque a data 22 de dezembro do Calendário Gregoriano não ser uma constante no Haab'. A cada 4 anos ele "desceria" um dia (21..., 20..., 19..., etc.), menos na maioria dos anos seculares. Imagina então em milhares de anos como seria! A não ser que os maias fizessem a correção de modo diferente daquele que utilizamos. É possível? Continuemos pesquisando para tentar descobrir.

Já sabemos que o Haab' contabiliza anos de 365 dias divididos em 18 "meses" de 20 dias cada,  mais um "mês" de 5 dias designado como Wayeb' (20x18 = 360+5=365). Cada dia é representado por um número de 0 (zero) até 19 e cada "mês" tem nome próprio e glifo característico. 
Glifos do Haab' na sequência com nomes e significados.
clique na imagem para expandir
fonte: Maya Calendar
Números maias de 0 a 19
fonte: wikipedia
A contagem de dias no Haab' não seguia o mesmo padrão do tzolk'in. Além de utilizar o 0 (zero)*, cada glifo era repetido durante 20 dias consecutivos, tal como fazemos com os meses no Calendário Gregoriano (1 de janeiro, 2 de janeiro, 3 de janeiro, ...). A sequência era assim:

 0 Pop, 1 Pop, 2 Pop, [...], 19 Pop, 0 Uo, 1 Uo, 2 Uo, [...], 19 Uo, 0 Zip, 1 Zip, 2 Zip, [...], 19 Zip, [...], e assim até chegar nos 5 dias de Waieb', encerrando o ciclo de 365 dias.

*Acredita-se que os povos mesoamericanos descobriram o número zero e a sua forma de uso séculos antes de ser descoberto na Europa ou na Ásia. Segundo o site Maya Calendar, "o povo Maia estava usando o conceito de zero em seu sistema matemático mais de 1.000 anos antes da aprovação europeia de zero em torno do 11 º século". No numeral maia, ele é representado por uma concha .

WAYEB'

No final do calendário Haab', os 5 dias de Wayeb' eram considerados pelos maias como dias de azar e, portanto, muito perigosos. Por tal motivo não tinham nomes e eram chamados de "sem nome" ou "sem alma". Segundo Foster (2002), "durante o Wayeb', os portais entre o reino mortal e o submundo se dissolviam. Nenhum limite impedia que as deidades mal-intencionadas causassem desastres." Neste período, não saiam de casa nem lavavam ou penteavam os cabelos e não faziam qualquer trabalho mais pesado. Passavam o tempo fazendo rituais para espantar os maus espíritos. Qualquer pessoa nascida durante estes dias teria má sorte e continuaria miserável e infeliz por toda sua vida.

Para visualizar uma simulação animada do Haab', clique aqui. (coloque a seta do cursor em cima da imagem para parar o movimento e retire para continuar)

TZOLK'IN + HAAB'

Sabemos agora as diferenças e o funcionamento dos dois calendários mais importantes dos maias, o tzolk'in de 260 dias e o Haab' de 365. Cabe aqui salientar que nenhum dos dois numeram os anos.

Quando necessitavam contagens de tempo mais longas, eles utilizavam simultaneamente os dois calendários e desse modo a combinação dos respectivos dias (por exemplo, 1 Imix  0 Pop) só voltariam a coincidir novamente após um ciclo de 52 "anos" Haab', muito acima da expectativa de vida na época, portanto tempo suficiente para identificar uma data para a satisfação da maior parte das pessoas.

Segundo o site edj.net, "juntos, o conjunto tzolk'in/Haab' serve como um quadro de previsão de eclipses, festivais de tempo e para agendamento de visitas em sítios santuários."

O vídeo abaixo ilustra o funcionamento do tzolk'in e do Haab', em separado e sincronizados:


Para visualizar uma simulação interativa do conjunto tzolk'in/Haab', clique aqui.
CICLO DE VÊNUS

O ciclo de Vênus era importante para os povos mesoamericanos e estes o observavam com grande interesse. É certo que a relação Vênus/Sol sempre lhes despertou fascínio e admiração desde tempos remotos e, inclusive, há razões para se acreditar que o tzolk'in teria surgido em parte para estruturar os ciclos relacionados aos dois astros brilhantes (Vênus e Sol).
Vênus tem um ciclo de 584 dias (ciclo sinódico), isto é, aparece como estrela matutina a cada 584 dias aproximadamente. A sua relação com o Sol e o conjunto tzolk'in/Haab' é simples: cada 5 ciclos de Vênus corresponde a 8 haab' ou 8 anos solares (584 x 5 = 2920 e 365 x 8 = 2920). "A relação cíclica entre Sol e Vênus indica que Vênus traça uma estrela de cinco pontas no céu durante um período de oito anos", diz o edj.net e, segundo ele, o 8 seria o número místico da harmonia. Vejamos na imagem:
fonte imagem: Mega Astrologia

A sincronia do tzolk'in/Haab' com Vênus é tal que o grande ciclo dos três se completam no dia sagrado de Vênus, Ahaw 1, e isso se dá exatamente em dois ciclos completos de 52 haab' (anos solares), ou seja, 104 haab' ou 37.960 k'ins/dias.
 
Calculando:
Tzolk'in > 260 x 73 x 2 = 37.960 dias
Haab' > 365 x 52 x 2 = 37.960 dias
Vênus > 584 x 65 = 37.960 dias
Curiosidade: relembrando os 5 ciclos de Vênus a cada 8 haab', podemos fazer os seguintes cálculos para os períodos de 104 haab' (2 x 52) e os 65 ciclos sinódicos de Vênus para descobrir a importância do número 13
104 : 8 = 13
65 : 5 = 13

Do primeiro cálculo podemos ainda concluir que o ciclo de 52 haab' é formado por 13 períodos de 4 anos.

CICLO LUNAR E OS SENHORES DA NOITE

De acordo com o site Mayan Calendar, a Série Lunar foi a primeira contribuição original  dos maias para o calendário, incorporada no início do século III d.C. e era exibida logo após o conta longa e o Tzolk'in em uma seqüência de quatro a oito glifos. "Usando contagem do Dia Lunar em 29 ou 30 dias, os ciclos lunares maias eram agrupados em conjuntos de seis lunações", diz o site, esclarecendo que uma lunação é o tempo entre duas luas novas sucessivas. 
Conectado à Série Lunar, há um ciclo de nove dias chamados de Senhores da Noite. Assim como o ciclo de 13 k'ins (dias ou sóis) seria caracterizado por 13 deuses "iluminados" que regeriam os períodos entre o nascer e o pôr-do-sol, há também o ciclo correspondente a 9 deuses do "submundo" conhecidos como 9 Senhores da Noite e referidos como B'olon Ti K'u (Nove Divindades), os quais se alternariam para reger os períodos noturnos, em ciclos de 9 noites.
9 Senhores da Noite
fonte: 2012survivalaid

Também segundo o site Mayan Calendar, um uso contemporâneo interessante para o B'olon Ti K'u está relacionado ao tzolk'in e ao dia do nascimento: diz-se nas comunidades maias das montanhas da Guatemala que a contagem de nove dias para a frente ou para trás da data de aniversário no Tzolk'in resulta na identidade de seus nawals protetores, ou espíritos protetores. Os nomes desses deuses não são conhecidos e se convencionou designá-los pela letra G (para saber mais clique aqui) seguidos pelos respectivos números sequenciais:
fonte: Calendário Sagrado

Saiba mais sobre a Série Lunar e os Senhores da Noite aqui e aqui.
Para visualizar uma simulação animada do conjunto tzolk'in + Haab' + B'olon Ti K'u + a exemplificação do seu paralelo com o Calendário Gregoriano, clique aqui. Nesta simulação você verá, da esquerda para a direita, o ciclo de 13 dias do tzolk'in seguido pelos ciclo de 20 dias, o Haab' e o B'olon Ti K'u. (coloque a seta do cursor em cima da imagem para parar o movimento e retire para continuar)
 
MATEMÁTICA MAIA

Para entendermos melhor a dinâmica do funcionamento de outro calendário que virá a seguir, o Contagem Longa, é importante saber como o povo Maia fazia seus cálculos.
O sistema adotado por eles era o vigesimal (base 20), possivelmente baseados no total de dedos dos pés e das mãos, e, como já vimos anteriormente, utilizando apenas três símbolos que representam o 0, o 1 e o 5, de cujas combinações originam todos os outros números. Posicionalmente eles podem ser escritos de cima para baixo ou da esquerda para direita. 
Números maias

O cálculo de um número usando a matemática maia é simples: multiplica-se o valor (base 20) da posição (1, 20, 40...) pelo número representado pelos símbolos e, em seguida, soma-se os resultados, tal como podemos observar nos exemplos abaixo:
fonte: Maya Calendar

[1] = (20 x 2) + (1 x 0) = 40
[2] = (20 x 9) + (1 x 7) = 187 [3] = (400 x 5) + (20 x 0) + (1 x 12) = 2012 [4] = (8000 x 1) + (400 x 7) + (20 x 12) + (1 x 17) = 11.057 [5] = (8000 x 6) + (400 x 0) + (20 x 15) + (1 x 4) = 48.304 [6] = (160.000 x 1) + (8000 x 0) + (400 x 4) + (20 x 6) + (1 x 11) = 161.731
(Modelos extraídos do site Maya Calendar)
CALENDÁRIO CONTAGEM LONGA

Chegamos ao objeto principal que tem gerado algumas controvérsias entre estudiosos e acaloradas "profecias" por parte de ocultistas sobre um suposto "fim de mundo" no dia 21 de dezembro de 2012: o calendário de contagem longa.
Tal calendário tem como característica a contagem de tempo linear (não repetitiva) e por isso era utilizado por várias culturas da Mesoamérica a partir do período pré-clássico tardio para registrar eventos políticos importantes de várias cidades, principalmente as do sudeste da Mesoamérica, registros estes gravados por meio de inscrições em monumentos de pedra.
ENTENDENDO O "CONTA LONGA"

A sua forma de contar o tempo utilizava o sistema vigesimal mostrado mais acima, porém com uma modificação e por isso é comumente chamado de sistema vigesimal modificado. A diferença é que no lugar da base 20 que seria normal no segundo degrau para multiplicar grupos de 400 unidades (20 x 20), os seus autores utilizaram inteligentemente a base 18 para obter grupos de 360 unidades/dias (20 x 18), isto é, o mais aproximado possível de um ano solar (365 dias) e condizente com os 18 "meses" do Haab'. Observemos a seguinte tabela:
Períodos
Períodos equivalentes
Dias
Anos solares aprox.*
1 K’in
1 K’in
1

20 K’ins
1 Winal
20

18 Winals
1 Tun
360
1
20 Tuns
1 K’atun
7.200
20
20 K’atuns
1 B’ak’tun
144.000
394
13 B’ak’tuns
"Grande Ciclo"
1.872.000
5.218
20 B’ak’tuns
1 Pictun
2.880.000
7.890
20 Pictuns
1 Kalabtun
57.600.000
158.000
20 Kalabtuns
1 Kinchiltun
1.152.000.000
3.156.000
20 Kinchiltuns
1 Alautun
23.040.000.000
63.123.000
* Anos de 365 dias do Haab', o qual não considera o ¼ excedente nos anos tropicais reais. 
Podemos comparar k'in com "dia", Winal com "mês" (de 20 dias) e Tun com "ano" (de 360 dias).

Apesar de ter colocado todos os períodos na nossa tabela, os mais longos (em laranja e vermelho) normalmente não são considerados como do contagem longa, ainda que os maias os utilizassem vez ou outra para medir espaços de tempo mais extensos. Além disso, de acordo com o site webexhibits, os termos utilizados para nomeá-los não são originários dos antigos maias.
Entretanto, marquei os períodos de 13 B'ak'tuns e 1 Pictun com as cores amarelo e laranja porque existem recentes controvérsias que envolvem os dois quanto ao término do Grande Ciclo.
Antes de entrarmos nesses detalhes, precisamos entender como o calendário é escrito. Primeiro a tabela acima precisa ser invertida visto a leitura ser de cima para baixo, isto é, do maior valor para o menor. Ela invertida, apenas com informações básicas e sem os periodos mais longos, fica assim:
Pictun
= 20 B’ak’tuns
“Grande Ciclo”
= 13 B’ak’tuns
B’ak’tun
= 20 K’atuns
K’atun
= 20 Tuns
Tun
= 18 Winals
Winal
= 20 K’ins
K’in
= 1 dia

Agora colocamos a tabela na horizontal, com os valores maiores à esquerda:
Pictun
B’ak’tun
K’atun
Tun
Winal
K’in
00
1
1
1
1
1
  
Então podemos escrever o exemplo acima assim:
01.01.01.01.01 (corresponde a 144.000 + 7200 + 360 + 20 + 1 resultando em 151.581 dias. Dividos por 365, teremos aproximadamente 415 anos haab').
Alguns glifos que podem representar os períodos do Contagem Longa
fonte: Calendário Sagrado

Dado este último modelo, devemos ainda esclarecer que logo após a ele são colocados os "dias" do tzolk'in e do Haab' correspondentes à "data" registrada, como veremos mais adiante.
INÍCIO DO CONTAGEM LONGA

Para definir, relacionar e sincronizar a data inicial do Contagem Longa com o calendário Gregoriano, os pesquisadores utilizam o método chamado de correlação maia. A questão é que existem correlações de vários autores e estas normalmente conflitam entre si (veja a lista aqui), umas com diferenças de poucos dias, outras, porém, em centenas de anos, como é o caso da correlação Spinden x correlação GMT, com aproximadamente 260 anos de diferença entre elas.
É interessante observar na lista do link acima, entre a sigla da correlação e o nome do autor, as diferenças numéricas. Aqueles números são as correlações que supostamente determinam o Dia Juliano no qual o Contagem Longa (CL ou LC em inglês) teria se iniciado.
Não entrando muito em detalhes, porque para nós, leigos, seria um tanto difícil de entender, vou apenas dizer que tal método busca correlacionar o calendário CL com os calendários de origem européia, juliano e gregoriano, ao sincronizar datas, momentos históricos, "movimentos" arquitetônicos e eventos astronômicos, tais como aparições de cometas e os ciclos de Vênus.
A correlação mais aceita entre os estudiosos é a GMT, cuja sigla é composta pelas iniciais dos seus autores, Goodman, Martinez e Thompson. Mesmo para esta, existem duas variantes/ajustes feitas pelo próprio Thompson. A GMT aceita é 584283 e as variantes são a MT1 584284 e a TL 584285*, com diferenças de 1 e 2 dias, nesta ordem.
*Curiosidade: o número 584 da correlação GMT  me fez lembrar do ciclo de Vênus de 584 dias. Coincidência ou não, como na correlação tal número se encontra na "casa dos mil" (584 mil dias), ele corresponde a exatos 1000 ciclos de Vênus (584x1000). Os dias restantes na GMT e nas suas variantes (283, 284 e 285) estão muito próximos do período entre o momento que Vênus aparece como "estrela" vespertina e como "estrela" matutina, que é de 258 dias. (Tenho a impressão de que estou começando a surtar. eheheheh...)
Estou insistindo nas diferenças entre as correlações para que os leitores tirem suas próprias conclusões quanto à "veracidade" das "profecias do fim do mundo" envolvendo tal calendário. Mas, vamos ao que realmente interessa: afinal, quando o CL foi iniciado?

Segundo os estudiosos, muitas inscrições encontradas em antigas estelas (colunas monolíticas ou pedras com determinadas inscrições) descrevem o "marco zero" dos maias no dia 13.0.0.0.0 4 Ahaw 8 Kunk'u (perceba o CL seguido pelo dia tzolk'in 4 Ahaw, ou Ajaw, e o dia Haab' 8 Kunk'u, ou Kunku), o qual, segundo a GMT, se correlaciona com o calendário gregoriano prolético em 11 de agosto de 3114 a.C. ou 6 de setembro do mesmo ano no calendário juliano.

13.0.0.0.0 no conta longa são 13 B'ak'tuns que resultam em 1.872.000 dias (144.000 x 13), aproximadamente 5.128,8 anos de 365 dias. Os estudiosos afirmam que são 5.126 anos, possivelmente por descontarem os dias de anos bissextos dos calendários juliano/gregoriano (tentei descobrir o porque dessa diferença, mas infelizmente não encontrei qualquer informação a respeito).
FINAL DO ATUAL CICLO DO CONTA LONGA

Em uma estela  localizada no sítio arqueológico maia de El Tortuguero (próximo a Damasco, no México) e conhecida como Monumento 6, pesquisadores descobriram os únicos hieróglifos que aludem ao final do B'ak'tun 13.

De acordo com o blog Ciclo das Eras, a maioria dos monumentos ainda existentes neste local, uma antiga cidade do período clássico maia, surgiram durante o reinado de B'alam Ahaw, ou Senhor Jaguar, cujo governo se deu entre o período de 644 a 679 d.C.. Tais monumentos foram danificados pelo tempo e/ou por vândalos. Com o Monumento 6 não foi diferente. As inscrições contidas nele estão desgastadas a ponto de alguns trechos serem  indecifráveis, como pode ser notado abaixo, na representação das suas inscrições: 
Inscrições do Monumento 6 de Tortuguero
(clique na imagem para ampliar)
fonte: Wayeb

A única certeza que se tem sobre estas inscrições é com relação à referência ao término do B'ak'tun 13, que seria em 4 Ahaw 3 K'ank'in que, de acordo com a correlação GMT, corresponde a 21 de dezembro de 2012. Pelas nossas observações, tal data está registrada nos seguintes glifos demarcados:
4 Ahaw 3 K'ank'in

Os pesquisadores não encontraram nada neste conjunto de hieróglifos que justificasse um suposto "fim do mundo" na referida data. O que se conseguiu decifrar até o momento é o que segue abaixo:
No idioma Maia: “Tzuhtz‐(a)j‐oomu(y)‐uxlajuunpik (ta) Chan Ajawux(‐teʹ) Uniiw. Uht‐oomEk’‐? Y‐em(al)?? BolonYookteʹ (Kʹuh) ta?”.
Em Inglês: “The Thirteenth Bak’tun will end(on) 4 Ajaw, the 3rd of Uniiw(a.k.a 3 K’ank'in). ?? will occur. (It will be) the descent(?) of the Nine Support? (God(s)) to the ?.” (tradução de David Stuart).
Em Português: "O Décimo Terceiro B'ak'tun vai acabar (em) 4 Ajaw, o 3º de Uniiw (a.k.a 3 K'ank'in). (??) irá ocorrer. (Será) a descida (?) do suporte de nove (?) (Deus (es)) para o (?)."*
(as interrogações são glifos indecifráveis)


* Nota: na fonte de onde retirei esta citação, Ciclo das Eras, a tradução em português de 4 Ajaw (Ahaw) 3 K'ank'in estava como 21 de dezembro de 2012, porém como existem controvérsias com relação a esta data, refiz a tradução e a deixei como no original em inglês.
CONTROVÉRSIAS

O que podemos entender da decifração dos hieróglifos com relação à data é sobre a "descida" de um "deus"  (Bolon Yookte') com 9 suportes ou pés (prato  cheio para os ufólogos interpretarem como a descida de uma nave com 9 suportes. Agora já dei a idéia. eheheheh...). Já postei uma notícia relacionada a isso, cujo título é "Segundo estudo, calendário maia não prevê o fim do mundo em 2012 e sim a volta do deus Bolon Yokte". 
De controvérsia em controvérsia, vão ruindo as idéias pessimistas e surgindo as otimistas. Uma delas é se 13.0.0.0.0 é um ciclo "fechado", isto é, se reinicia novamente em 13.0.0.0.0 ou se é apenas um determinado ciclo, ou era, dentro de outro maior, o Pictun, formado por 20 B'ak'tuns. Como já sabemos, o Pictun está na base 6 da notação. e, portanto, escrito como 1.0.0.0.0.0, o que mudaria o "ponto zero" do povo maia de 13.0.0.0.0 4 Ahaw 8 Kunk'u para 1.13.0.0.0.0 4 Ahaw 8 Kunk'u
E o que isso quer dizer? Quer dizer que o 13 B'ak'tun não seria o final do Grande Ciclo (muito menos o fim do mundo) como acredita a maioria, mas sim o final de um ciclo menor, tal como os outros com base 13 que já apontamos aqui. Assim sendo, ele reiniciaria em 1.14.0.0.0.0 4 Ahaw 3 K'ank'in e não em 13.0.0.0.0 4 Ahaw 3 K'ank'in. O final do Grande Ciclo seria no 20º B'ak'tun, ou 1.008.000 dias após o final do 13º B'ak'tun, ou ainda aproximadamente 2.761,6 anos solares. [veja os argumentos de Lloyd B. Anderson sobre este assunto  aqui  (em inglês) e do site Mayan Calendar aqui (também em inglês)].

2012 OU 1752? A CORRELAÇÃO SPINDEN

Ao pesquisar na internet a procura de material sobre o calendário mesoamericano que pudesse servir de base para estes escritos, deparei-me com um interessante artigo de Carl de Borhegyi, filho do falecido arqueólogo Stephan Francis de Borhegyi, cujo título, 2012 ALERT!, me pareceu um apelo para atrair a atenção de muitas pessoas, principalmente estudiosos visto a linguagem acadêmica utilizada. O que me chamou a atenção foi o objeto de estudo que ele usou para construir os seus argumentos: a figura (possivelmente de origem maia) de um macaco segurando uma estrela saltando em cima de um suposto cogumelo. Junto ao rabo e o ombro esquerdo do macaco tem alguns pontos em forma de números maias, possivelmente uma data do Contagem Longa, 3.3.4.3.2
Petróglifo "macaco e cogumelo"
fonte: 2012alert

Segundo Carl, o pesquisador Pedro de Eguiluz Selvas teria informado que a data 3.3.4.3.2 "calculada pela correlação Spinden, (ie: 2168 BCin o calendário gregoriano) corresponde na Contagem Unificada da correlação Anawak (CRAN) para o ano 3 Macaco no Calendário Maya/olmeca" (não entendi se é o mesmo 3 Chuwen do tzolk'in, cujo glifo representa o macaco). Ele complementa dizendo que "não há associação correspondente utilizando a mais frequentemente citada correlação Goodman-Martinez-Thompson" (GMT) (grifos nossos). Outras figuras contidas no petróglifo também foram importantes para a sua compreensão. O macaco parece estar pulando sobre um cogumelo Amanita muscaria com qualidades alucinógenas e por isso muito utilizado em antigos rituais sagrados por toda Mesoamérica. A estrela de cinco pontas seria o símbolo dos cinco ciclos sinódicos de Vênus de 584 dias cada. Os dois círculos concêntricos próximo à barriga do macaco foi interpretado por Eguiluz como o ciclo de 13 dias do calendário mesoamericano e também observou que as três fileiras paralelas de pontos neste círculo possivelmente aludem aos Nove Senhores da Noite. Eguiluz vê os dois maiores pontos de cada lado do macaco como aludindo à data Tonalpohualli (asteca) de 2 Vento e a forma do rabo do macaco como símbolo do vento.
 
De acordo com Carl, a identificação de que a correlação da data de contagem longa encontrada no petróglifo com o calendário cristão se encaixa perfeitamente na correlação Spinden, tornando-o equivalente ao ano 3 Macaco, reforça a correlação Spinden e desbanca a geralmente aceita correlação GMT e a sua data final em 21 de dezembro de 2012

"Assim, a data do Contagem Longa 3.3.4.3.2 seria uma importante chave para localizar a origem da contagem de tempo em 3374 a.C. e o famoso final para o Calendário maia em 1752 e não em 2012", disse ele.

Como já dissemos anteriormente, a diferença entre a correlação Spinden e a GMT é de 260 anos, ou seja, a Spinden remete o "marco zero" dos maias 260 anos abaixo da "oficializada" pela GMT, assim de 3114 a.C. vai para 3374 a.C. Então, recalculando o final do 13 B'ak'tun,  2012 - 260 = 1752.
GRANDES MUDANÇAS À PARTIR DE 1752

Se os "poderes místicos" do final do B'ak'tun 13 realmente existem e causam grandes mudanças, o ano de 1752 seria bem adequado para ele. Uma das mudanças importantes que aconteceram naquele ano foi a aceitação do Calendário Gregoriano pela Inglaterra e seus domínios (incluindo o que agora são os EUA), apesar dele ter sido promulgado pelo Papa Gregório em 1582. Assim, 2 de setembro de 1752 foi seguido por 14 de setembro de 1752 e o dia de ano novo foi mudado de 25 de março para 1º de janeiro. As pessoas teriam reclamado a perda dos 12 dias.
Outra mudança de grande importância que aconteceu logo após este ano e que hoje interfere enormemente nas nossas vidas foi o início da Era Industrial, em 1760, que possivelmente já tomava forma em 1752. Coincidências? Talvez...

POR QUE O SUPOSTO "FIM DO MUNDO"?

Busquei uma explicação plausível que justificasse a origem da "teoria do fim do mundo" que tem o calendário mesoamericano como objeto principal e encontrei o seguinte texto no site Mayan Calendar:
 
"(...) Embora textos maias não dizem nada sobre o que pode acontecer no B'ak'tun 13, sabemos que o final de cada b'ak'tun foi considerado um momento de grande mudança. A História Maya antiga fornece uma corroboração geral dessa noção.

Os seguintes eventos em torno da virada dos últimos cinco b'ak'tuns não são sugeridos para detectar em datas quando grandes mudanças ocorreram, mas consideram o padrão global.

O início do bak'tun 8 (41 AD)

A última das cidades olmecas com alguns sobreviventes, há quase 1000 anos foi abandonada e nunca mais reabitada.

O início do bak'tun 9 (435 AD)

Influência de Teotihuacan começou no mundo Maya, resultando em novas cidades, uma enxurrada de novas dinastias e guerra.

O início do bak'tun 10 (830 AD)

O fim do período clássico e o abandono ainda inexplicado de 100 cidades.

O início do bak'tun 11 (1224 AD)

O abandono de Chichen Itza em Yucatán e a ascensão de Mayapan.

O início do bak'tun 12 (1618 AD)

O último grande império Maya, o Itza do lago Petén, enviou emissários para anunciar aos espanhóis que estava pronto para abraçar a mudança que a virada de ciclo traria.

É este último b'ak'tun, quando os espanhóis conquistaram o Lago Petén e capturou o rei Kan Ek, que fornece uma visão especial para as crenças maias sobre a volta de um b'ak'tun. No ano de 1617, Kan Ek enviou emissários para Mérida para informar os espanhóis que o bak'tun 12 estava próximo e que eles estavam preparados para as mudanças que traria. Os espanhóis interpretaram isso como uma vontade (dos maias) de serem convertidos para o cristianismo e começou uma corrida entre os vários grupos missionários para conseguir o crédito de ser o primeiro a finalmente converter o poderoso Itza. Com os padres vieram os soldados e o inevitável fim. Enquanto eles (os maias) em Itza certamente não estavam planejando a própria morte, (pois) estavam certos de que um tempo de grande mudança recairia sobre eles." (grifo nosso)

 NOSSAS CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do texto acima chego à seguinte conclusão:  as "grandes mudanças" que aconteceram com os maias durante as viradas dos b'ak'tuns só se concretizaram porque eles acreditavam fielmente que realmente aconteceria. Durante nossas pesquisas percebemos o terror que o povo mesoamericano sentia em todo final de ciclo, seja no fim do Haab' durante os cinco dias do Wayeb', no fim dos 52 haab' e nos dos b'ak'tuns. O terror era tanto que chegavam a fazer sacrifícios humanos para "apaziguar" seus deuses.
Notemos que abandonaram suas cidades sem qualquer motivo aparente. Os pesquisadores ainda têm grande dificuldade em decifrar esse "enigma". Será que foi por medo? É bem provável. No b'ak'tun 12 eles simplesmente abriram suas guardas para os espanhóis, causa principal do grande massacre. E, cá entre nós, quantas mortes em nome da religião, não é vero?
Devemos também observar que as mudanças nos finais de ciclo aconteceram apenas com o povo mesoamericano, mas com o resto do mundo não. Por que? Exatamente porque o resto do mundo tinha outras crenças e cada uma delas conduzindo seus adeptos por outros ciclos e outros medos. E porque agora com o  B'ak'tun 13 as mudanças ou "fim dos tempos" aconteceria com o mundo todo? Por que o "mundo todo" está acreditando nisso graças às tecnologias atuais que permitem formas de comunicações globais em tempo real?
Lembro de fatos que aconteceram no mundo contemporâneo por causa de determinadas crenças e isso sim me assusta. Seitas que acreditaram de tal modo no "fim do mundo" que acabaram causando o suicídio coletivo dos seus adeptos. E o fim do mundo aconteceu? Para eles sim! Então... Você também acredita no fim do mundo em 21 de dezembro de 2012? Melhor não, né não? ehehehe.
MINHA "CONTRIBUIÇÃO"

Já que existem várias correlações, resolvi ter a minha também. Na verdade está mais para uma "brincadeira" com os números que, apesar de eu não ter nenhuma intimidade com eles, bem que poderia ser aceita como verdadeira e eu ficar famoso. eheheheh. Vou chamá-la de "correlação GNTPJF!", cuja sigla significa "Galera, Não Tema Porque Já Foi!". rá rá rá rá! 
 
A minha base será bem simples: o B'ak"tun 13 e a data 11 de agosto de 3114 a.C. da GMT.
Como sou péssimo em matemática, não vou me apegar a ciclos, eventos astronômicos, históricos e outras coisas complexas que só servem para atrapalhar. A idéia básica é utilizar a LÓGICA do modo mais simples possível.
Antes de mais nada é de suma importância considerar as seguintes características das duas bases:
-  o Contagem longa é linear e não considera anos bissextos;
- a data 11 de agosto de 3114 a.C. é correspondente ao calendário gregoriano e este considera os anos bissextos da seguinte forma:
  • a cada 4 anos é ano bissexto, o que acresce 1 dia no calendário;
  • a cada 400 anos é ano bissexto e também acresce 1 dia no calendário;
  • os anos seculares não são anos bissextos, a não ser os de 400 em 400 anos (não fosse isso, todos seriam bissextos);
  • os anos 4 d.C. e 4 a.C. não foram considerados anos bissextos;
  • o calendário gregoriano não tem ano 0 (zero), ou seja, o seu "marco zero" seria 00h:00 entre 1 a.C. e 1 d.C..

Início dos cálculos:
Número de dias de 13 b'ak'tuns:
144.000 x 13 = 1.972.000 dias
Número de anos solares de 13 b'ak'tuns:
1.972.000 : 365 = 5.128,76712 anos

Para sincronizar o contagem longa com o calendário gregoriano, devemos descobrir quantos anos bissextos teria 13 b'ak'tuns, contá-los como dias e os subtrair do contagem longa. Para isso utilizamos a regra do calendário gregoriano:
5.128,76712 : 4 = 1.282,19178 dias
5.128,76712 : 400 =  12,82191 dias
5.128,76712 : 100 =  51,28767 dias

Nessa parte do cálculo somamos os dois primeiros resultados e subtraimos o terceiro:
1.282,19178 + 12,82191 - 51,28767 = 1.243,72602 dias

Agora devemos transformar este último resultado em anos de 365 dias:
1.243,72602 : 365 = 3,40746 anos (não chegou a 4 anos, portanto não teria ano bissexto)

Subtraímos 3,40746 do número de anos solares do CL:
5.128,76712 - 3,40746 = 5.125,35966 anos

Pronto, agora os 13 b'ak'tuns já estão sincronizados com o calendário gregoriano. Então pegamos o ano "marco zero" do CL e subraímos deste resultado:
5.125,35966 - 3.114 = 2011,35966 anos

Em amarelo temos o ano do final do ciclo: 2011
Vamos então transformar a fração em vermelho em dias:
365 x 0,35966 =  131,2759 dias
Os dias em meses:
131,2759 : 30 = 4,37586 meses

Pegamos o número inteiro de meses (4) e somamos com o mês do "marco zero" (agosto = 8) que é igual a 12. O mês do final do grande ciclo é 12.

Devemos agora transformar a fração em vermelho em dias:
30 x 0,37586 = 11,2758 dias

Somando o número inteiro de dias (11) com o dia do "marco zero" (11) temos 22 dias.
Por enquanto temos o dia 22 do mês 12 do ano 2011.

Entre agosto e dezembro temos 2 meses com 31 dias: o próprio mês de agosto e outubro, portanto tiramos 2 dias da data e esta passa a ser dia 20/12/2011. Como esquecemos da inexistência de dois anos bissextos no início do calendário gregoriano (4 d.C. e 4 a.C.), acrescentamos novamente 2 dias e a data final do ciclo B'ak'tun 13 volta a ser 22 de dezembro de 2011, isto é, exatamente 1 ano antes da data "oficialmente" anunciada. Cabe ainda lembrar que 22 de dezembro é o dia do solstício de inverno no hemisfério norte e que foi em um solstício de invermo que o Haab' teria sido usado pela primeira vez.

A última fração corresponde à hora aproximada do nascer do sol durante o solstício de inverno na Guatemala. Não acredita? Façamos os cálculos:
24 x 0,2758 = 6,6192 horas
60 x 0,6192 = 37,152 minutos
60 x 0,152 =  9,12 segundos

Então:  06h:37:09

Hoje, dia 07/02/2012, o nascer do sol na Guatemala foi às 06h:29. Coincidência? Talvez, talvez, talvez... rá rá rá rá!!!

Tudo isso para dizer que não se deve acreditar em "fim do mundo", porque senão ele realmente pode acontecer para aquele que assim o crê. O verdadeiro Fim do Mundo só irá acontecer daqui a aproximadamente 50 bilhões de anos (como fica isso no Contagem Longa?) quando o Sol se tornará uma super-nova e engolirá nosso planeta, portanto, não há motivos para preocupações exageradas.
Quanto à Grande Mudança, ela já vem acontecendo faz um bom tempo, principalmente para nós que não fazemos parte do mundo Maia, basta olhar os noticiários para perceber o quanto estamos mudando paradigmas ano a ano.
Para os mesoamericanos também a Grande Mudança já chegou (2011?). Assim como fizeram os espanhóis ao invadir as terras maias, matando aquele povo por não compreender e não aceitar as suas crenças por causa das suas próprias crendices, agora é boa parte do mundo que está com os olhos voltados para eles, tentando "matar" as suas verdades ocultas para impor-lhes as próprias.
Que esse olhar deixe de ser voltado às crendices e que passe a ser de admiração por esse povo que tanto tem a nos ensinar.
QUE ASSIM SEJA, AMÉM!
 
Veja aqui a data do seu aniversário no Calendário Asteca!
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VÍDEOS

Segue a série do vídeo documentário "Decifrando o Código Maia" (Breaking the Maya Code). Deixo a série original em inglês, com ótima qualidade de vídeo, a versão da Discovery Channel em português (BR)(qualidade da imagem deixa a desejar)e uma versão em português (PT)com ótima qualidade de imagem.

Blogs/Sites/Fontes:

2 comentários:

  1. Soul meu querido amigo, isso não foi uma garimpada foi uma BELÍSSIMA garimpada excelente!
    Já tinha lido e visto reportagens sobre os Maias, mas sobre o calendário com essas informações realmente não sabia muito interessante e complexo Calendário mesoamericano curioso..nunca tinha me aprofundado no assunto.
    Sem duvida essa postagem vai para os meus favoritos.

    Uma ótima semana para você
    Bjs
    Namastê

    ResponderExcluir
  2. Katia, amiga linda,

    tinha comigo que este assunto - que desperta a curiosidade de muitos e interfere de forma negativa na crença de muitas pessoas (para não dizer crendices) e que, por isso, é capaz de gerar um "inconsciente coletivo" de desespero descabido e desnecessário em certos grupos sociais -, deveria sair da superficialidade e ser abordada de uma forma mais profunda como forma de esclarecer aos mais desavisados.

    Foi difícil porque, tal como vc disse, trata-se de assunto complexo, além de que a maioria das fontes que podemos chamar de confiáveis estão em inglês. Imagina alguém sem qualquer conhecimento básico dessa língua usando de tradutores online para conseguir as informações necessárias. rsrs

    Mas, apesar de todas as dificuldades, consegui ultrapassar tais obstáculos e, o que é melhor, acabei aprendendo o suficiente para tirar as minhas próprias conclusões sobre o tema, tal como deve ter percebido no texto.

    Mais uma vez, muito obrigado pela sua consideração e pela participação que muito me incentivam. Desejo tudo de melhor pra você! Um grande beijo no seu lindo coração.

    Namastê

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