Como os governos podem evitar o "fim do mundo"

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Aurora Borealis timelapse HD from Tor Even Mathisen on Vimeo.

Auroras polares são fenômenos visuais em forma de brilhos no céu que ocorrem normalmente nas regiões polares durante o período noturno. Nas latitudes do hemisfério norte as ocorrências acontecem de setembro a outubro e de março a abril e são conhecidas como auroras boreais, nome dado por Galileu em 1619 em referência à Aurora - deusa romana do amanhecer - e ao seu filho Bóreas, representante dos ventos do norte. Entre os escandinavos são conhecidas como Luzes do Norte. Nas latitudes do hemisfério sul são chamadas de auroras austrais, nome batizado por James Cook como referência direta por ocorrerem no sul (austral = que está ao lado do austro; que fica na banda do sul).

Círculo da aurora austral
astronoo.com
Círculo da aurora boreal
astronoo.com






















O fenômeno ocorre devido a entrada de ventos solares nas extremidades do escudo magnético terrestre, cujas partículas se chocam com os gases da atmosfera, ionizando os seus átomos, sendo esta a principal causa das emissões de luz. Na sua forma mais comum, em altitudes de 200 km aproximadamente, emitem espectros de luz verde. Em tempestades solares mais fortes, o vento solar atinge camadas mais baixas da atmosfera (em torno de 100 km de altitude) e produz a tonalidade vermelho escura.

Tonalidades de verde
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Tonalidades de vermelho
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Aurora boreal no Alasca
wikipedia
Aurora austral registrada às 22:50 (hora local) em Lakes Entrance, Victoria, Austrália
wikipedia
As auroras são como véus brilhantes que se movem rapidamente no céu. É certo que elas estão entre os espetáculos mais belos proporcionados pela natureza, mas quando seu avistamento se dá em latitudes mais  próximas à linha do Equador é sinal que outro fenômeno natural está ocorrendo: uma grande tempestade geomagnética, isto é, forte perturbação no campo magnético da Terra associada a intensas atividades solares.

Segundo a NASA, "as grandes tempestades geomagnéticas são induzidas por ejeções de massa coronal (CMEs)" que são produzidas por fortíssimas erupções solares. "Como as erupções solares, os CMEs ocorrem com maior frequência durante a fase mais ativa do Sol, cujo ciclo é de aproximadamente 11 anos. O último máximo da atividade solar foi no ano 2000. O próximo está previsto para ocorrer no final de 2011 ou em 2012", afirma o site. Para exemplificar, o vídeo abaixo mostra a ejeção de massa coronal que ocorreu no último dia 7 de setembro (2011):

 


Apesar da previsão de que o próximo máximo solar seria entre o final de 2011 e o início de 2012, informação mais atualizada da NASA aponta para outro período provável, entre 2012 e 2013 (muitos artigos encontrados na internet sobre o assunto apontam para março de 2013). A informação se encontra no artigo Curiosity and the Solar Storm, o qual diz que no dia do lançamento do Mars Scienc Lab ou "Curiosity" do Cabo Canaveral no dia 26 de novembro último (cujo objetivo é rastrear vida em Marte) ocorreu uma ejeção de massa coronária em direção ao planeta vermelho.

Dois lançamentos em direção a Marte em 26 de novembro, 2011. À esquerda, uma explosão solar
lança uma CME em direção ao Planeta Vermelho (Crédito: SOHO). À direita, o Mars Science Lab
ou "Curiosity" decola de Cabo Canaveral. (Crédito: Howard Eskildsen de Titusville, FL) - NASA
O artigo diz que "não havia perigo de uma colisão da sonda-Marte contra a tempestade solar. Correndo na frente a 2 milhões de quilômetros por hora, a nuvem de plasma ultrapassou o foguete curiosity por uma larga margem" e complementa que "no entanto, da próxima vez poderá ser diferente. Com a atividade solar em alta (Máximo Solar é esperado em 2012-2013) é apenas uma questão de tempo antes de um CME engolir a sonda Marte-vinculada". (desculpa pela tradução meia-boca)

A questão que fica é: uma tempestade geomagnética de grandes proporções pode causar danos ao planeta e/ou aos seres vivos e/ou às atividades humanas?

Existem afirmações de que alguns fenômenos geológicos e climáticos estão diretamente ligados às atividades solares. O terromoto que aconteceu no Japão no dia 11 de março de 2011 e gerou terríveis tsunamis, por exemplo, foi associado a um CME ocorrido dois dias antes, o que resultou numa tempestade geomagnética de classe G1. Para uma melhor compreensão, leia o artigo do Eco4u, "Terremoto no Japão foi previsto há um mês: estudo relaciona terremotos com atividade solar", do dia 18 de março e atualizado no dia seguinte devido aos novos eventos ocorridos nesse mesmo dia.

A ejeção de massa coronal ocorrida no dia 9 do mesmo mês, dois dias antes do terremoto, foi noticiada pela NASA e pode ser observada na imagem animada abaixo:




Crédito: NASA/SDO
"09 de março terminou com uma poderosa erupção solar. Na órbita da Terra satélites detectaram uma explosão classe x1.5 a partir de 1166 em torno das manchas solares behemoth 2323 UT. Um filme a partir da NASA Solar Dynamics Observatory (acima) mostra um flash brilhante de radiação UV além de algumas matérias sendo arremessadas ​​longe do local da explosão." - NASA

Importante notar que neste artigo também há referência ao ano 2013 para ocorrer o próximo máximo solar. Diz ele:


"Depois de quatro anos sem qualquer X-erupções, o sol já produziu duas das poderosas explosões em menos de um mês: 15 de fevereiro e 09 de março. Isto continua a tendência recente de aumento da atividade solar associada com o ciclo do nosso sol de 11 anos regulares, e confirma que o ciclo solar 24 está de fato aquecendo, como peritos solares têm esperado. A atividade solar continuará a aumentar à medida que o ciclo solar progride em direção ao máximo solar, previsto para o período de tempo de 2013."

Entendemos até aqui que, caso os estudos do astrofísico e meteorologista Piers Corbyn estiverem certos e os acertos em suas previsões conforme mostra a matéria do Eco4u não forem "meras coincidências", é sim possível uma tempestade geomagnética afetar o planeta de alguma forma com consequências graves para grupos humanos, tal como foi com o Japão. Então, a primeira parte da questão está respondida.

Se causa danos aos seres vivos de um modo geral? É muito improvável. Apesar de ser um ciclo que se repete com certa regularidade desde que o mundo existe, não há relatos na história de algum episódio que tenha sido mortal para os  seres vivos, a não ser indiretamente por causa dos fenômenos geológicos e climáticos já citados.

Algumas pessoas - ou de má fé ou sem qualquer informação relevante a respeito - estão anunciando que labaredas do Sol chegarão até nós e o planeta arderá em chamas. Isso é uma inverdade pois é impossível que isso aconteça por causa da distância entre os dois astros. Além do mais, o nosso planeta é bem protegido pelo seu campo magnético e desvia qualquer partícula mais pesada carregada pelos ventos solares, como se pode observar nas imagens abaixo:


O vento solar comprime o escudo planetário da Terra e
o plasma contorna o planeta.

astronoo.com
Ventos solares encontrando o escudo magnético da Terra.
astronoo.com


Quanto a causar danos às atividades humanas, a resposta é sim, levando-se em conta o atual modo de vida com o qual o ser humano se adaptou, ou seja, totalmente dependente da eletricidade e das muitas possibilidades tecnológicas que ela proporcionou. Se pensarmos que sem ela não teria sido possível a  explosão populacional no mundo num período de tempo tão curto, entenderemos o quanto ela é importante para a nossa sobrevivência. 

Imagine-se, do menos ao mais importante:

- sem TV;
- sem ventilador ou ar condicionado;
- sem microondas;
- sem elevador (caso more nos andares mais altos de um prédio);
- sem telefône fixo;
- sem telefone móvel (celular);
- sem internet;
- sem computador (todos os tipos);
- sem iluminação (lâmpadas);
- sem geladeira;
- sem combustível (bombas de combustível funcionam com eletricidade);
- sem comida (os alimentos são transportados por veículos, os veículos precisam de combustível, portanto...);
- sem água (o que leva água até a sua casa são bombas movidas a... adivinha?)

"Água... dona da vida...". Não lembro onde e de quem eu ouvi a seguinte frase: "você nunca verá alguém fazer greve de sede, isso porque ninguém consegue sobreviver muito tempo sem água."

Agora imagine que você não é o(a) único(a) nesta condição, mas todos aqueles que utilizavam da mesma rede elétrica (agora desativada) na qual sua residência está "ligada". Imagine que dessa mesma rede dependem escolas, lojas, supermercados (com suas geladeiras e freezers para conservar muitos tipos de alimentos), hospitais, fábricas... enfim, toda a sua cidade.

Pense na palavra "interligada". Imagine que esta mesma rede elétrica está interligada numa malha de cabos que até então alimentava todas as cidades do seu país e que, portanto, também interliga todas as usinas geradoras de energia elétrica. Imagine tudo em pane. Agora imagine muitos países, senão todos, na mesma condição que o teu.

Imagine agora ficar de três a dez anos assim. Nada mais terrível, não é verdade? Quantos sucumbiriam? Difícil de prever, mas vou "chutar" o que diz um certo relatório: dois terços da população mundial. É... coloca terrível nisso!

Mas... O que isso tem a ver com a tal tempestade geomagnética? Ora, esse é o problema mais grave que ela poderia causar: a queima de todos os sistemas elétricos interligados, inclusive todos os equipamentos das usinas geradoras de energia. As tempestades geomagnéticas de alta intensidade não geram apenas as belas auroras e os, talvez, terremotos, tsunamis e furacões. As altas correntes geradas por elas na magnetosfera planetária podem induzir elevadassímas amperagens em linhas de energia, o que queimaria desde aparelhos domésticos a transformadores elétricos e estações de energia, tal como o que ocorreu em Quebec, Canadá, em 1889. Segundo o site da NASA, "isso é mais provável de acontecer em altas altitudes, onde as correntes induzidas são maiores, e em regiões com longas linhas de energia e onde o solo é péssimo condutor".

Os que mais correriam o risco e os primeiros a ter os circuítos seriamente danificados seriam os satélites de comunicação que circundam o planeta na chamada órbita geoestacionária, por esta se encontrar em elevada altitude, mais precisamente acima da linha do Equador a 35.756 km a partir do nível do mar. Nem é preciso dizer que ficaríamos sem TV, internet e celular por causa desses danos.

Estas são as maiores preocupações dos cientistas e orgãos de pesquisa tecnológica, principalmente a NASA. Daí terem construído a sonda solar SOHO para observar o Astro Rei mais de perto e assim tentar decifrar os mecanismos que regem as atividades solares para se conseguir prever com antecedência quando ocorrerá uma ejeção de massa coronal, qual será a sua intensidade e se virá de encontro à Terra e, desse modo, poder soar um alarme com tempo suficiente para que todos os sistemas elétricos interligados sejam desligados em tempo hábil, evitando-se assim que se queimem e seja gerado todo aquele terrível desconforto que falei.

A minha intenção com este artigo não é o de anunciar alguma tragédia ou o fim do mundo, mas sim chamar a atenção para um fenômeno que pode acontecer ou não (mais para sim que para não) e caso aconteça, não se sabe qual será a sua intensidade, portanto com ampla possibilidade de ser classe baixa ou média, sem maiores ou nenhum dano ao planeta e seus habitantes.

Mas pensemos na possibilidade (real) de que possa acontecer uma tempestade geomagnética de alta intensidade e num momento não previsto nem com o uso da sonda SOHO ou, se previsto, em tempo inábil para soar o alerta e desligar os sistemas. Olhando por esse prisma, pergunto: 

o que os governos poderiam fazer como prevenção para que não aconteça o pior? Existe alguma solução prática? 

Sim, existe, é fácil e depende apenas de vontade e atitude política. Podem facilmente criar leis emergenciais que obriguem distribuidores e postos de combustíveis, supermercados, prédios acima de oito ou dez andares, indústrias de componentes elétricos de alta tensão e principalmente estações de tratamento e bombeamento de água potável e de esgoto, além de outros serviços ditos essenciais, a instalarem geradores de emergência tal como já acontece atualmente no caso dos hospitais. O critério seria que estes geradores deveriam ter uma rede elétrica independente, isto é, não interligada por nenhum mecanismo à rede pública e que só poderiam ser acionados para efeito de manutenção e no caso da ocorrência de um evento de blackout de longa duração.

Isso não iria impedir o prejuízo de bilhões ou trilhões de dólares que uma tempestade geomagnética poderia causar, mas impediria o prejuízo da perda de milhões ou bilhões de vidas e valeria muito mais que a perda das "verdinhas".

Enfim, relembrar um velho ditado nunca é demais:

PREVENIR É SEMPRE MELHOR QUE REMEDIAR!
Que Deus nos abençoe e nos proteja! Que assim seja!


Atualização (lapso nosso): disse mais acima que o "the big blackout", caso aconteça, pode durar de 3 a 10 anos porque é o tempo estimado para consertar e/ou refazer e reativar todos os sistemas elétricos interligados, visto  a dificuldade de se construir alguns elementos importantes. Ademais, a energia básica para se construir estes elementos também é a elétrica. Sem ela as dificuldades seriam muito maiores.



Referências:
Aurora polar e imagens - Wikipedia  
Imagens - fottus.com e astronoo.com  
Ejeções de massa coronal (CMEs), tempestades geomagnéticas e danos - NASA 
Curiosity e imagem - NASA²
Imagem animada da CME de 09/03/2011 e informações - NASA³
Terremotos x atividade solar - Eco4u


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