Tetrápode contra ressacas: um ótimo remédio?

Devido ao aquecimento global, muitas cidades litorâneas estão sofrendo sérios problemas com as erosões nas suas orlas ocasionadas pelas fortes ressacas cada vez mais constantes e o gradativo aumento do nível do mar. Os esforços para impedir estas erosões e o consequente avanço do mar têm efeitos quase nulo. Muros de contenção feitos com sacos de areia ou com pedras não conseguem resistir ao impacto das ondas e mar continua a avançar, chegando inclusive a destruir habitações, como podemos observar nas fotos abaixo:
 

Avanço do mar na praia da Armação em Florianópolis
(fonte da foto: noticias.terra.com.br)



Praia da Barrinha, em Icapuí - Ceará
(fonte da foto: Jangadeiro online)

Um amigo que visitou o Japão me falou que viu por lá barreiras contra tsunamis feitas com estranhas peças de concreto. Segundo ele, essas peças teriam três pontas e quando eram lançadas no mar se encaixavam umas nas outras e iam se empilhando até ultrapassar a superfície do oceano, formando um paredão. Fiquei curioso e resolvi pesquisar. Não encontrei nenhum artigo a respeito, a não ser fotos das próprias barreiras. Os artefatos pareciam realmente que tinham três pontas, mas depois de observar melhor notei que eram quatro.

Independente desta particularidade, lembrei do problema brasileiro e imaginei o seu uso tanto como peças interessantes para se criar recifes artificiais quanto como para construir eficientes sistemas de contenção contra as ressacas nas orlas. Para este fim em especial, as peças deveriam ser em dimensões bem menores, visto que as utilizadas nas "tsunamis barriers" são gigantescas.

Por até então não encontrar foto de alguma peça isolada, resolvi desenhar para entender melhor a sua forma. Os resultados obtidos são as imagens a seguir:

Imagem criada em programa 3D Sketchup

Imagem criada em programa 3D Sketchup

Imagem em Sketchup e renderizada em V-Ray
Seguem abaixo foto e vídeo das "tsunamis barriers" japonesas para comparação:


Como poderiam ser utilizados nos limites de transição
entre a faixa de areia e a orla (desconheço a fonte)


Tempos depois, vi na TV uma chamada do programa Globo Mar sobre uma reportagem na Lagoa dos Patos no Rio Grande do Sul e para minha surpresa eles filmavam próximo a um molhe (estrutura semelhante a um pontão que adentra no mar) contruído adivinha com o que? Com os mesmos tetrápodes de concreto (acabei de descobrir o nome da "coisa") utilizados pelos japoneses.

Molhe localizado na Lagoa dos Patos - RS
(fonte da foto: Globo Mar)

Isso obviamente quer dizer que temos no Brasil a tecnologia necessária para fabricar estes artefatos, bastando apenas que façam o redimensionamento necessário, afinal de contas me diz quem é que vai gostar de chegar numa praia e se deparar com um paredão construído com vários monstrengos como o abaixo? rá rá rá rá

nos molhes, Rio Grande, Brazil
"Pequeno" tetrápode usado como monumento no molhe gaúcho
This travel blog photo's source is TravelPod page: 2º dia de Rio Grande

Claro que seria muito mais interessante se conseguissem restabelecer as matas de restinga, ou jundú, responsáveis  pela manutenção dos limites da maré alta nas faixas litorâneas, porém como sabemos que isso é praticamente uma utopia, deixo este exemplo como possível alternativa para minimizar os efeitos catastróficos dos danos que nós mesmos causamos ao meio ambiente. Quem sabe depois de alguns estudos os tretápodes consigam resultados satisfatórios tal como imagino para um tempo mais ou menos longo, pelo menos enquanto a maré  não suba de vez.

Caso a tua cidade esteja passando pelos problemas que citei, mostre este artigo ao secretário de obras, prefeito, governador, presidente (enta? Você ta falando sério?) da República ou a quem realmente possa interessar. 

Vai que...

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